Hugo e a avalanche de nostalgia e egocentrismo
Tenho ficado surpreendido com as cartas de apoio que recebi ao longo destes últimos dias. São leitoras e leitores preocupados com a minha situação académica, depois daquela pequena crise de há duas semanas que fielmente foi retratada neste espaço.
Alguns exemplos que ficaram na memória.
"Caro Hugo:
Também eu tive de estar dias a fio a ler livros chatos e textos imperceptíveis. Ler os seus posts fez-me recuar no tempo e compreender que sou bem mais feliz agora.
Boa Sorte!"
João Carlos, Caparica
"Caro editor:
Não se deixe abater. O que não mata fortalece. Atendendo à forma como tem gerido o seu blog, para si qualquer teste é canja. "
Manuel Pereira, Freamunde
"Vai estudar gandulo!"
Raquel P., Pontinha
Estes foram alguns dos exemplos, mas houve mais e a todos agradeço o tempo que despenderam com a situação. Eu, por vós, não me dava a tanta trabalho, mas cada um sabe de si e Deus de todos.
Tudo isto para vos dizer que fiquei sensibilizado com a vossa atenção. É que nunca ninguém me perguntou como é que ia o curso. A minha querida namorada, parte do princípio que tudo são favas contadas e, por isso, não quer saber. A minha mãe, sempre tão protectora e interessada quando eu andava no secundário, nem sabe a quantas ando. Quem a viu e quem a vê. Antigamente era sempre: “Já fizeste os trabalhos? Já estudaste? Quanto tiveste a matemática? Ah rapaz! E a Português? Vá lá! Disso percebes tu!”
Mas não percebia, conseguia era fazer redacções que estimulavam o riso da turma e a docente, sabiamente apelidada de Bonboca devido aos seus atributos físicos, ciente das minhas capacidades artísticas, compensava-me com boas notas. Se bem que se levantaram logo vozes agoirentas que me acusavam de ser o menino querido da professora. Mas não o era. Enquanto eu passava uma tarde a escrever uma redacção, os outros jogavam à bola e estudavam outras coisas. Por isso é que quando chegava o fim do 3º período estavam todos passados e eu, coitado, lá andava a pedir aos professores, por favor, para me darem o 3 para não chumbar: “Já lhe disseram que tem uns bonitos olhos e olhe que já vi olhos de morrer, capazes de, por si só, me fazerem lançar ao abismo, mas os seus, bem os seus…Ah é verdade, podia-me dar um 3 para passar? É que se chumbar a minha mãe põem-me de castigo e sabe-se lá quando vou conseguir voltar a ver essa centelha de pureza!”
Na altura tinha tendência para ser meloso. Estava-me no sangue, consequência talvez, dos meus gostos musicais que iam de Bryan Adams até Bon Jovi. Foi a minha fase patética. Todos nós tivemos uma, não esteja já o leitor a chamar-me nomes. Não é que não os mereça, mas nesta particular situação são despropositados.
Felizmente acabava sempre por conseguir a nota que queria. Ao fim de 3 anos disso, uma pessoa acaba por se habituar à graxa e a fazer dela modo de vida. Entre isso e as cábulas, não sei qual delas tem maior legitimidade.
Não é para me gabar, mas na altura tinha a minha piada, não é como agora que entrei na fase decadente. A professora de português obrigava-me a ler os textos em frente da turma que se desmanchava a rir. Com isso ganhei alguns inimigos, especialmente uma Carla que não me suportava por escrever melhor que ela. Ela era aluna de 5 a tudo, filha prodígio duma família conservadora e de direita cujo único objectivo da vida parecia ser o de permanecer insuportável até ao fim da vida. Rapidamente fi-la cair em desgraça, escrevendo uma história sexualmente obscena onde ela era a personagem principal. Toda a escola a leu e “vendi” aquilo como verdade. Claro que hoje me dia me arrependo de tão mesquinha atitude, mas se hoje continuasse com esse comportamento, até podia dar um excelente advogado.
Bem já me expandi demais. Quando toca à nostalgia, ninguém me cala.
Mas pronto! Quanto ao teste das 500 páginas, tudo correu bem. Até posso dizer, sem cair em erro, que foi o mais brilhante momento académico que tive até ao momento. A minha prestação foi tão boa que não quis entregar a folha de teste à professora:
“Hugo tá na hora. Entregue-me lá o teste, que já teve tempo suficiente para o terminar.”
“Professora, olhe que acabei de escrever o meu melhor teste desde que aqui ando. Tenho receio que não perceba a magnificência dele.”
“Deixe estar que vou ter isso em conta. Para ficar descansado, até o vou colocar separado dos outros para o poder ler em primeiro lugar. Espero é que a magnificência dele, como o apelida, seja inversamente proporcional à sua caligrafia que, deixe-me que lhe diga, é pavorosa. Assine lá a folha de presença.” *suspiro*
Mulheres! Sempre com a sensibilidade na ponta do nariz!
Alguns exemplos que ficaram na memória.
"Caro Hugo:
Também eu tive de estar dias a fio a ler livros chatos e textos imperceptíveis. Ler os seus posts fez-me recuar no tempo e compreender que sou bem mais feliz agora.
Boa Sorte!"
João Carlos, Caparica
"Caro editor:
Não se deixe abater. O que não mata fortalece. Atendendo à forma como tem gerido o seu blog, para si qualquer teste é canja. "
Manuel Pereira, Freamunde
"Vai estudar gandulo!"
Raquel P., Pontinha
Estes foram alguns dos exemplos, mas houve mais e a todos agradeço o tempo que despenderam com a situação. Eu, por vós, não me dava a tanta trabalho, mas cada um sabe de si e Deus de todos.
Tudo isto para vos dizer que fiquei sensibilizado com a vossa atenção. É que nunca ninguém me perguntou como é que ia o curso. A minha querida namorada, parte do princípio que tudo são favas contadas e, por isso, não quer saber. A minha mãe, sempre tão protectora e interessada quando eu andava no secundário, nem sabe a quantas ando. Quem a viu e quem a vê. Antigamente era sempre: “Já fizeste os trabalhos? Já estudaste? Quanto tiveste a matemática? Ah rapaz! E a Português? Vá lá! Disso percebes tu!”
Mas não percebia, conseguia era fazer redacções que estimulavam o riso da turma e a docente, sabiamente apelidada de Bonboca devido aos seus atributos físicos, ciente das minhas capacidades artísticas, compensava-me com boas notas. Se bem que se levantaram logo vozes agoirentas que me acusavam de ser o menino querido da professora. Mas não o era. Enquanto eu passava uma tarde a escrever uma redacção, os outros jogavam à bola e estudavam outras coisas. Por isso é que quando chegava o fim do 3º período estavam todos passados e eu, coitado, lá andava a pedir aos professores, por favor, para me darem o 3 para não chumbar: “Já lhe disseram que tem uns bonitos olhos e olhe que já vi olhos de morrer, capazes de, por si só, me fazerem lançar ao abismo, mas os seus, bem os seus…Ah é verdade, podia-me dar um 3 para passar? É que se chumbar a minha mãe põem-me de castigo e sabe-se lá quando vou conseguir voltar a ver essa centelha de pureza!”
Na altura tinha tendência para ser meloso. Estava-me no sangue, consequência talvez, dos meus gostos musicais que iam de Bryan Adams até Bon Jovi. Foi a minha fase patética. Todos nós tivemos uma, não esteja já o leitor a chamar-me nomes. Não é que não os mereça, mas nesta particular situação são despropositados.
Felizmente acabava sempre por conseguir a nota que queria. Ao fim de 3 anos disso, uma pessoa acaba por se habituar à graxa e a fazer dela modo de vida. Entre isso e as cábulas, não sei qual delas tem maior legitimidade.
Não é para me gabar, mas na altura tinha a minha piada, não é como agora que entrei na fase decadente. A professora de português obrigava-me a ler os textos em frente da turma que se desmanchava a rir. Com isso ganhei alguns inimigos, especialmente uma Carla que não me suportava por escrever melhor que ela. Ela era aluna de 5 a tudo, filha prodígio duma família conservadora e de direita cujo único objectivo da vida parecia ser o de permanecer insuportável até ao fim da vida. Rapidamente fi-la cair em desgraça, escrevendo uma história sexualmente obscena onde ela era a personagem principal. Toda a escola a leu e “vendi” aquilo como verdade. Claro que hoje me dia me arrependo de tão mesquinha atitude, mas se hoje continuasse com esse comportamento, até podia dar um excelente advogado.
Bem já me expandi demais. Quando toca à nostalgia, ninguém me cala.
Mas pronto! Quanto ao teste das 500 páginas, tudo correu bem. Até posso dizer, sem cair em erro, que foi o mais brilhante momento académico que tive até ao momento. A minha prestação foi tão boa que não quis entregar a folha de teste à professora:
“Hugo tá na hora. Entregue-me lá o teste, que já teve tempo suficiente para o terminar.”
“Professora, olhe que acabei de escrever o meu melhor teste desde que aqui ando. Tenho receio que não perceba a magnificência dele.”
“Deixe estar que vou ter isso em conta. Para ficar descansado, até o vou colocar separado dos outros para o poder ler em primeiro lugar. Espero é que a magnificência dele, como o apelida, seja inversamente proporcional à sua caligrafia que, deixe-me que lhe diga, é pavorosa. Assine lá a folha de presença.” *suspiro*
Mulheres! Sempre com a sensibilidade na ponta do nariz!
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