Hugo em crise II
Sei que tinha dito isto e aquilo acerca do tempo que tinha, e que tenho, para escrever neste espaço decadente nos próximos dias, mas a verdade é que, sempre que uma grande e monumental tarefa se impõe, fico chato, infantil e começo feito parvo a tentar chamar a atenção dos outros, como se não houvesse mais nada no mundo a não ser eu. Em suma, fico como os putos.
A culpa é desta história de ler as tais 500 páginas em espanhol (agora são 450) em meia dúzia de dias, incluindo o fim-de-semana. É que, sem o querer, fiquei com a minha vida arruinada.
Dizem-me os mais afoitos e conhecedores da minha existência: “Mas ouve lá, tu não tens vida, por isso tanto te faz.” É verdade sim senhor, eu não tenho uma vida por aí além, mas o facto de ter de fazer alguma coisa aborrece-me. Se me dissessem, tens de ficar o fim-de-semana deitado no sofá a fazer coisa nenhuma, tudo mudava de figura, porque assim não tinha qualquer responsabilidade para comigo e para com o mundo. Nesse caso ficava feliz, passava um fim de semana daqueles de contar a toda a gente e, além do mais, ia trabalhar na Segunda Feira cheio de vitalidade o que, diga-se já de passagem, até era bom para a entidade empregadora que via assim alguns dos seus problemas resolvidos, nomeadamente no que toca às coisas pendentes que tenho por baixo do telefone que mais se parecem com o expediente normal do Gaston Lagaffe.
A vida não me corre bem. A minha namorada também não é ajuda nenhuma porque nessas coisas não gosta de ficar atrás de ninguém, muito menos de mim. Em vez de 500 tem 1000 e ainda por cima, como se o tamanho do monte fosse de pouca monta, vem tudo em inglês, que bem vistas as coisas ainda é pior que a espanholada. Mas como ela é tradutora, tem facilidade nessas coisas da estrangeirada.
A única forma de conseguir acabar com a tarefa é fazê-lo por objectivos. Esta política é proveitosa porque acabo sempre por me despachar mais depressa do que seria de esperar.
Para ler as minhas primeiras 50 páginas tive de recorrer a tão nobre táctica. Assim, quando lesse as primeiras 20 podia comer um amendoim, se chegasse às 40 podia espreitar a Quinta das Celebridades e se chegasse às 60 podia ver novamente as mamas da Pimpinha Jardim. Não consegui este último objectivo, mas tive lá tão próximo...
O cansaço acabou por me derrotar, finalizei a sessão sentado e adormecido numa fria cadeira de cozinha com o nariz metido no pacote de amendoins e todo babado.
Se a professora soubesse pelo que tenho andado a passar já me tinha passado sem se importar com o resto.
Apesar de tudo, a minha namorada é mais sensível a essa coisa dos incentivos. Ontem disse-lhe: “Olha que se não leres as tuas 1000 páginas depressa eu deixo-te e fujo com a primeira que me aparecer!”
Hoje de manhã só lhe faltavam ler 300.
A culpa é desta história de ler as tais 500 páginas em espanhol (agora são 450) em meia dúzia de dias, incluindo o fim-de-semana. É que, sem o querer, fiquei com a minha vida arruinada.
Dizem-me os mais afoitos e conhecedores da minha existência: “Mas ouve lá, tu não tens vida, por isso tanto te faz.” É verdade sim senhor, eu não tenho uma vida por aí além, mas o facto de ter de fazer alguma coisa aborrece-me. Se me dissessem, tens de ficar o fim-de-semana deitado no sofá a fazer coisa nenhuma, tudo mudava de figura, porque assim não tinha qualquer responsabilidade para comigo e para com o mundo. Nesse caso ficava feliz, passava um fim de semana daqueles de contar a toda a gente e, além do mais, ia trabalhar na Segunda Feira cheio de vitalidade o que, diga-se já de passagem, até era bom para a entidade empregadora que via assim alguns dos seus problemas resolvidos, nomeadamente no que toca às coisas pendentes que tenho por baixo do telefone que mais se parecem com o expediente normal do Gaston Lagaffe.
A vida não me corre bem. A minha namorada também não é ajuda nenhuma porque nessas coisas não gosta de ficar atrás de ninguém, muito menos de mim. Em vez de 500 tem 1000 e ainda por cima, como se o tamanho do monte fosse de pouca monta, vem tudo em inglês, que bem vistas as coisas ainda é pior que a espanholada. Mas como ela é tradutora, tem facilidade nessas coisas da estrangeirada.
A única forma de conseguir acabar com a tarefa é fazê-lo por objectivos. Esta política é proveitosa porque acabo sempre por me despachar mais depressa do que seria de esperar.
Para ler as minhas primeiras 50 páginas tive de recorrer a tão nobre táctica. Assim, quando lesse as primeiras 20 podia comer um amendoim, se chegasse às 40 podia espreitar a Quinta das Celebridades e se chegasse às 60 podia ver novamente as mamas da Pimpinha Jardim. Não consegui este último objectivo, mas tive lá tão próximo...
O cansaço acabou por me derrotar, finalizei a sessão sentado e adormecido numa fria cadeira de cozinha com o nariz metido no pacote de amendoins e todo babado.
Se a professora soubesse pelo que tenho andado a passar já me tinha passado sem se importar com o resto.
Apesar de tudo, a minha namorada é mais sensível a essa coisa dos incentivos. Ontem disse-lhe: “Olha que se não leres as tuas 1000 páginas depressa eu deixo-te e fujo com a primeira que me aparecer!”
Hoje de manhã só lhe faltavam ler 300.
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