A vida aquática
Aproveitando a ideia da nossa querida leitora Ana Perdigal, na carta que nos enviou com carinho, e atendendo ao momento cinematográfico bastante favorável que o país atravessa, recomendo vivamente para esta semana, o fabuloso último filme de Wes Anderson, Peixe Fora de Água, Life Aquatic with Steve Zissou no original.
O filme conta-nos a particular história do grande explorador Steve Zissou que se faz aos mares para a concretização das mais apaixonantes e mirabolantes aventuras subaquáticas. Zissou é uma espécie de criança, uma espécie de Jacques Costeu, que se recusa a crescer e arrasta com ele os seus companheiros de façanhas que também não primam lá muito pela maturidade.
A existência de Zissou entrou em decadência. Os seus documentários perderam o vigor de outrora e vê-se, sem o esperar, a mãos com problemas de financiamento para as suas expedições, além do descrédito que alcançou, merecidamente, entre os seus pares. De forma que, para restabelecer a sua dignidade, aposta tudo numa última missão, a sensacional busca por uma espécie desconhecida à ciência: O assustador Tubarão-Jaguar. No entanto não sabe lá muito bem como chegar até ele.
O que ressalta neste filme é a comovente interpretação dos seus actores, que conseguem criar um enternecedor ambiente de inocência infantil. Os cenários ajudam, o navio do grande Zissou é como uma casa de bonecas que as personagens usam sob a musicalidade do Seu Jorge, que passa o filme todo a cantar músicas de David Bowie em Brasileiro. As coloridas e surreais espécies aquáticas são produzidas por Henry Selick, responsável também, como Tim Burton, pelo filme Estranho Mundo de Jack. Tudo mecânico, portanto, e nada de devaneios informáticos.
As boas ideias não se esgotam aí. Durante as duas horas de projecção pode-se ver de tudo, desde uma baleia de estimação que se esforça por receber atenção do seu dono a golfinhos que funcionam como batedores para a progressão do barco Belafonte até um rafeiro, que por lá aparece e que de desloca em três patas, mas comporta-se, sabe-se lá porquê, como se tivesse as quatro. A imaginação saída de Wes Anderson parece não ter limites e assina aqui momentos magistrais de realização, particularmente na emboscada feita pela equipa à ilha dos piratas que vai ficar, certamente, na minha memória durante anos.
A música funciona como um colorido especial, dando uma força especial às imagens e ajudando na concretização do humor particular do realizador. É antológica a dança de Bill Murray ao som do tecno esquisitoide da banda sonora.
Os bons actores são à mão cheia, pode-se ver um dos melhores actores cómicos ( se não mesmo o melhor) do momento Bill Murray acompanhado por William DaFoe, Angelica Houston, Jeff Goldblum entre outros.
Deixo só mais um apontamento que pode ser importante para alguns. Das 100 pessoas que assistiram à ante-estreia, 50 foram-se embora meia hora depois do filme ter começado e vários momentos houve, em que eu e a minha namorada éramos os únicos a rir à gargalhada o que foi até romântico. Peixe fora de água não possuí um humor fácil, mas quem tiver sensibilidade para o perceber, certamente terá uma das melhores experiências cinematográficas do ano. Só de pensar no filme, dá-me instantaneamente uma súbita vontade de o voltar a ver.
Ficam pois avisados!
O filme conta-nos a particular história do grande explorador Steve Zissou que se faz aos mares para a concretização das mais apaixonantes e mirabolantes aventuras subaquáticas. Zissou é uma espécie de criança, uma espécie de Jacques Costeu, que se recusa a crescer e arrasta com ele os seus companheiros de façanhas que também não primam lá muito pela maturidade.
A existência de Zissou entrou em decadência. Os seus documentários perderam o vigor de outrora e vê-se, sem o esperar, a mãos com problemas de financiamento para as suas expedições, além do descrédito que alcançou, merecidamente, entre os seus pares. De forma que, para restabelecer a sua dignidade, aposta tudo numa última missão, a sensacional busca por uma espécie desconhecida à ciência: O assustador Tubarão-Jaguar. No entanto não sabe lá muito bem como chegar até ele.
O que ressalta neste filme é a comovente interpretação dos seus actores, que conseguem criar um enternecedor ambiente de inocência infantil. Os cenários ajudam, o navio do grande Zissou é como uma casa de bonecas que as personagens usam sob a musicalidade do Seu Jorge, que passa o filme todo a cantar músicas de David Bowie em Brasileiro. As coloridas e surreais espécies aquáticas são produzidas por Henry Selick, responsável também, como Tim Burton, pelo filme Estranho Mundo de Jack. Tudo mecânico, portanto, e nada de devaneios informáticos.
As boas ideias não se esgotam aí. Durante as duas horas de projecção pode-se ver de tudo, desde uma baleia de estimação que se esforça por receber atenção do seu dono a golfinhos que funcionam como batedores para a progressão do barco Belafonte até um rafeiro, que por lá aparece e que de desloca em três patas, mas comporta-se, sabe-se lá porquê, como se tivesse as quatro. A imaginação saída de Wes Anderson parece não ter limites e assina aqui momentos magistrais de realização, particularmente na emboscada feita pela equipa à ilha dos piratas que vai ficar, certamente, na minha memória durante anos.
A música funciona como um colorido especial, dando uma força especial às imagens e ajudando na concretização do humor particular do realizador. É antológica a dança de Bill Murray ao som do tecno esquisitoide da banda sonora.
Os bons actores são à mão cheia, pode-se ver um dos melhores actores cómicos ( se não mesmo o melhor) do momento Bill Murray acompanhado por William DaFoe, Angelica Houston, Jeff Goldblum entre outros.
Deixo só mais um apontamento que pode ser importante para alguns. Das 100 pessoas que assistiram à ante-estreia, 50 foram-se embora meia hora depois do filme ter começado e vários momentos houve, em que eu e a minha namorada éramos os únicos a rir à gargalhada o que foi até romântico. Peixe fora de água não possuí um humor fácil, mas quem tiver sensibilidade para o perceber, certamente terá uma das melhores experiências cinematográficas do ano. Só de pensar no filme, dá-me instantaneamente uma súbita vontade de o voltar a ver.
Ficam pois avisados!
3 Comments:
Este blogue está cada vez mais querido. Só acho que aquilo não era uma baleia de estimação, acho que era só uma orca que andava para ali a passar.
Este blogue está cada vez mais querido. Só acho que aquilo não era uma baleia de estimação, acho que era só uma orca que andava para ali a passar.
De facto era uma orca. Os meus pais sempre me proibiram de ver documentários de maneira que, não são raras as vezes que troco baleias com orcas, focas com leões marinhos, tartarugas com cágados, pumas com linces e a lili caneças com a cinha.
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