Aniversário
A minha namorada lá festejou o seu 29ª aniversário num conhecido restaurante de Paço de Arcos que contou com a participação, julgo, de quase todas as tradutoras de Lisboa e arredores, tal era a perturbadora quantidade de mulherio que se deslocou para o efeito.
Muitos decotes, alguns deles memoráveis, e uma panóplia ecléctica de aromas italianos, franceses e norte americanos, marcaram o esperado festejo que, no cômputo geral, se pautou por um compulsivo rodopio de alegria e diversão. Momento alto foi sem dúvida a comilança da sobremesa que teve contornos de medievelidade explícita, terminando tudo com o tradicional sorver dos dedos, mesmo daqueles que sempre primaram pelas boas maneiras.
Quanto a mim, portei-me à altura da efeméride, como aliás já era de esperar, oferecendo, sem qualquer tipo de dúvida, a melhor lembrança à aniversariante e denegrindo, ao mesmo tempo, e de forma exemplar, a imagem dos outros homens presentes, o que até não foi difícil, tendo em conta que eu era o único que não cheirava mal dos sovacos.
Mas o melhor da festa foi mesmo o desembrulhar das oferendas. Ao longo da última semana, tinham-se estabelecido alguns contactos com a minha pessoa, no intuito de eu me abrir em copas e espalhar que tipo de coisas é que a minha namorada gostava de receber. Não resisti e comecei a inumerar algumas que eu gostava de ter. Eram já artigos que estavam na minha lista de compras há muito tempo e que, devido à vida em comum e à despesa que tal condição acarreta, fui obrigado a esquecer ou, no melhor dos casos, a adiar a sua compra até chegar o subsídio de férias.
Foi com imenso agrado que vi, então, os meus objectos de desejo aparecerem, um a um, embrulhados em papel de embrulho e oferecidos à mulher que reparte comigo as vicissitudes da vida.
Já no conforto do lar, não resisti a dar-lhe uma palavrinha em relação à situação, até porque gosto que as coisas sejam sempre esclarecidas no seu devido tempo:
“Olha que tiveste muita sorte. Só prendas boas. Os teus amigos têm muito bom gosto. Quem dera os meus serem assim.”
Uma coisa aprendi com tudo isto, se um gajo quer ter algum prazer na vida, convém começar a ser hipócrita, cínico e mentiroso, ou, de outra forma, tudo o que consegue são sonhos desfeitos.
Lembrem-se disto!
Muitos decotes, alguns deles memoráveis, e uma panóplia ecléctica de aromas italianos, franceses e norte americanos, marcaram o esperado festejo que, no cômputo geral, se pautou por um compulsivo rodopio de alegria e diversão. Momento alto foi sem dúvida a comilança da sobremesa que teve contornos de medievelidade explícita, terminando tudo com o tradicional sorver dos dedos, mesmo daqueles que sempre primaram pelas boas maneiras.
Quanto a mim, portei-me à altura da efeméride, como aliás já era de esperar, oferecendo, sem qualquer tipo de dúvida, a melhor lembrança à aniversariante e denegrindo, ao mesmo tempo, e de forma exemplar, a imagem dos outros homens presentes, o que até não foi difícil, tendo em conta que eu era o único que não cheirava mal dos sovacos.
Mas o melhor da festa foi mesmo o desembrulhar das oferendas. Ao longo da última semana, tinham-se estabelecido alguns contactos com a minha pessoa, no intuito de eu me abrir em copas e espalhar que tipo de coisas é que a minha namorada gostava de receber. Não resisti e comecei a inumerar algumas que eu gostava de ter. Eram já artigos que estavam na minha lista de compras há muito tempo e que, devido à vida em comum e à despesa que tal condição acarreta, fui obrigado a esquecer ou, no melhor dos casos, a adiar a sua compra até chegar o subsídio de férias.
Foi com imenso agrado que vi, então, os meus objectos de desejo aparecerem, um a um, embrulhados em papel de embrulho e oferecidos à mulher que reparte comigo as vicissitudes da vida.
Já no conforto do lar, não resisti a dar-lhe uma palavrinha em relação à situação, até porque gosto que as coisas sejam sempre esclarecidas no seu devido tempo:
“Olha que tiveste muita sorte. Só prendas boas. Os teus amigos têm muito bom gosto. Quem dera os meus serem assim.”
Uma coisa aprendi com tudo isto, se um gajo quer ter algum prazer na vida, convém começar a ser hipócrita, cínico e mentiroso, ou, de outra forma, tudo o que consegue são sonhos desfeitos.
Lembrem-se disto!
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