segunda-feira, agosto 29, 2005

Modernices II

Uma das grandes inovações do novo passe é que permitiu instalar portas nas estações de Metro. Pretendeu-se assim acabar com a brincadeira das viagens grátis aos que se recusavam a comprar bilhete.
Agora, uma pessoa chega perto das portas, coloca o passe social no leitor de chips e as portas abrem-se de par em par caso esteja tudo em ordem. O sistema funciona bem, lá de vez em quando fica um gajo entalado, normalmente velhos e coxos que demoram mais tempo a passar, mas no geral o sistema é funcional. Custou uma pipa de massa, é certo, mas é funcional.
Assim, todos os meses um utente ao comprar a sua senha para o passe, dá o cartão de utilizador para que o chip receba a informação que a compra foi efectuada. Deste modo, quando o utilizador colocar o seu cartão no leitor, as portas dão-lhe passagem sem complicações.
Aqui é que está o busílis de toda a questão. É que nem sempre, no dia 1 de cada mês este processo funciona.
São, pois, vários os desgraçados que quando lá chegam se deparam com a resistência das portas em se abrirem. O problema está que, no dia um de cada mês, as bilheteiras estão com filas enormes a vender as senhas aos mais retardatários. Ora se uma pessoa não conseguir abrir as portas, vai ter de se pôr na bicha durante pelo menos uma meia hora até que resolva o problema do chip. Isso acarreta uma chegada tardia ao trabalho e agora, com a história dos 3 dias de férias para quem não faltar, as consequências agravam-se:
“Diga-me lá o senhor quem é que me vai pagar esta meia hora que estive na bicha. É que eu já comprei o passe, não tenho culpa que não saibam fazer as coisas.”
Por isso é que todos aqueles que andam de metro sentem o seu coração a bater mais depressa sempre que no primeiro dia de cada mês têm de passar pelas malditas portinholas. A sensação é quase como um tipo acertar 5 números no totoloto e ainda faltar uma bola sair.
Quando chega a minha vez de espetar o meu cartão no leitor de chips o mundo parece que pára. Fica tudo silencioso e toda a minha atenção se fixa naquelas portas de abrir e fechar.
“Abram, abram. Por favor abram. Deus, faz com que elas se abram...”
E quando o meu desejo é atendido:
“Uh, uh, sou a pessoa mais feliz do mundo.”
Lá atrás, ouve-se nitidamente a voz dum desgraçado a praguejar:
“É sempre a mesma merda. Todos os meses é a mesma merda. F###-##!”

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

:-) ouve... parece q ainda n viste os mitrosos a passar atrás das outras pessoas. Que as portas foram caras, foram certamente, mas que n resolveram problema nenhum, n resolveram. N será por acaso q há páíses bem mais evoluídos que usam um aparelho modernissímo... chama-se "pica", e consiste num autómato/gajo ou gaja, com um dispositivo na mão para verificar quem realmente pagou a entrada. Em todo o caso... essa sensação de lotaria dá uma certa sensação de desporto radical e de roda dos milhões... ou tostões. Enfim... o gajo que tu citas no fim é que sabe como é q é.

12:36 da tarde  

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