Joana e os carros
A minha vizinha, Joana é uma tipa que passa os dias a refilar. Nunca se mostrou, até ao momento, pelo menos que eu tenha presenciado, feliz com o quer que seja. Metade das 24 horas do dia passa a conduzir. O costume, anda para a frente e para trás como um rafeiro doméstico a buscar isto e entregar aquilo. Por isso, é natural que tenha uma essência facilmente irritável. Eu sou o seu único amigo, mas ao contrário do que seria de esperar em seres humanos nesta condição, esforça-se imenso por me perder duma vez por todas.
“Não sei porque te estás sempre a rir daquilo que digo. Achas piada é? Vê lá se achas piada. Eu digo-te a piada. Olha-me este cabrão! Vai para a passadeira seu idiota!”
Ou são os sinais vermelhos para os carros que demoram muito tempo para ficar verdes, ou é o polícia de trânsito que atrapalha o trafêgo, ou são as estradas que têm muitas passadeiras, ou são as crianças que saem das escolas e formam uma fila indiana que nunca mais acaba, ou são as ambulâncias que obrigam uma pessoa a desviar-se, ou são as operações Stop, ou é o túnel do Marquês. Tudo o que seja feito para melhorar a qualidade de vida dum determinado meio e altere a dinâmica duma estrada fá-la entrar num processo de enfurecimento tal que, qualquer dia, transforma-se em Hulk.
Apesar da sua natureza profundamente e irremediavelmente irascível, não fuma, não bebe café e não toma qualquer químico que lhe altere o seu estado natural.
Joana faz a sua vida dentro do carro. Teve a sua primeira relação sexual dentro do seu primeiro automóvel e a partir daí, não anda a pé por nada. Até ao Video Clube, que fica no mesmo prédio onde moramos, mas nas traseiras, ela se desloca de carro.
No outro dia apanhei boleia dela para casa e ao passarmos por uma bomba de gasolina ela explodiu, numa altura em que até estava a ser simpática para com a minha pessoa:
“O quê? 1 euro e 27 o litro? Mas esta gente perdeu o sentido das coisas? 1 euro e 27 o litro? Já viste isto tu? 1 euro e 27 o litro! Onde é que isto vai parar? Diz-me lá Hugo onde isto vai parar? Diz-me lá, vá, diz-me? Fazem o que querem. Primeiro a água, agora isto. 1 euro e 27. Tás-te a rir de quê? Achas piada é? Claro que achas piada não te sai do bolso, andas sempre de boleia. Assim também eu me ria. Para de te rir ó parvo. És um pató. Pensas que és o quê para te rires assim de mim?”
Joana para o carro subitamente.
“Sai daqui. Não te quero no meu carro. Sai, vai-te embora. Se queres boleia apanha o autocarro ou o comboio ou uma merda qualquer. Não compras o passe todos os meses? Então pronto, usa-o e deixa-me sossegada.”
“Não sei porque te estás sempre a rir daquilo que digo. Achas piada é? Vê lá se achas piada. Eu digo-te a piada. Olha-me este cabrão! Vai para a passadeira seu idiota!”
Ou são os sinais vermelhos para os carros que demoram muito tempo para ficar verdes, ou é o polícia de trânsito que atrapalha o trafêgo, ou são as estradas que têm muitas passadeiras, ou são as crianças que saem das escolas e formam uma fila indiana que nunca mais acaba, ou são as ambulâncias que obrigam uma pessoa a desviar-se, ou são as operações Stop, ou é o túnel do Marquês. Tudo o que seja feito para melhorar a qualidade de vida dum determinado meio e altere a dinâmica duma estrada fá-la entrar num processo de enfurecimento tal que, qualquer dia, transforma-se em Hulk.
Apesar da sua natureza profundamente e irremediavelmente irascível, não fuma, não bebe café e não toma qualquer químico que lhe altere o seu estado natural.
Joana faz a sua vida dentro do carro. Teve a sua primeira relação sexual dentro do seu primeiro automóvel e a partir daí, não anda a pé por nada. Até ao Video Clube, que fica no mesmo prédio onde moramos, mas nas traseiras, ela se desloca de carro.
No outro dia apanhei boleia dela para casa e ao passarmos por uma bomba de gasolina ela explodiu, numa altura em que até estava a ser simpática para com a minha pessoa:
“O quê? 1 euro e 27 o litro? Mas esta gente perdeu o sentido das coisas? 1 euro e 27 o litro? Já viste isto tu? 1 euro e 27 o litro! Onde é que isto vai parar? Diz-me lá Hugo onde isto vai parar? Diz-me lá, vá, diz-me? Fazem o que querem. Primeiro a água, agora isto. 1 euro e 27. Tás-te a rir de quê? Achas piada é? Claro que achas piada não te sai do bolso, andas sempre de boleia. Assim também eu me ria. Para de te rir ó parvo. És um pató. Pensas que és o quê para te rires assim de mim?”
Joana para o carro subitamente.
“Sai daqui. Não te quero no meu carro. Sai, vai-te embora. Se queres boleia apanha o autocarro ou o comboio ou uma merda qualquer. Não compras o passe todos os meses? Então pronto, usa-o e deixa-me sossegada.”
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