Alturas
Poderão os meus caros leitores pensar na razão que estará por detrás desta ausência tão repentina na publicação dos meus inarráveis e desprezantes posts. Pois bem, tal contratempo deveu-se a umas curtas mas deliciosas férias que passei no país vizinho, mais concretamente em Barcelona, terra de gente brava e criativa e que muito bem me recebeu e me alimentou. A recepção foi de tal maneira espantosa, que estou a pensar em, qualquer dia, traduzir o Desordem para catalão.
Só tenho de agradecer à minha querida e adorada chefe a benesse que me deu, concedendo-me, sem ninguém o esperar, 4 dias de licença remunerada pelo meus serviços:
“Isto é uma coisa que não é habitual eu fazer, mas devido ao magistral e competente desempenho laboral do vosso colega Hugo, vou-lhe dar mais 4 dias de férias. Vocês todos ponham os olhos nele e esforcem-se por lhe seguir o exemplo. Se conseguirem ter o mesmo comportamento e o mesmo compromisso para com esta instituição, poderão ser vocês os próximos a serem contemplados. Pensem nisso. Agora voltem ao trabalho.”
Nestas coisas o mais difícil é a viagem de avião. Para quem não me conhece, aviso desde já que tudo o que engloba estar 5 metros acima do solo me faz disparar o coração e, se a minha namorada continuar com esta mania de fazer uma viagem por ano, temo não chegar aos 40 e morrer qualquer dia nos céus de ataque cardíaco.
“O senhor tem de se acalmar. É seguro viajar de avião, não fique assim nesse estado. Quer ir à cabina do comandante ver como é que as coisas funcionam?”
Acabei por ir, até porque pensava que seria mais fácil acalmar-me. Mas foi pior, cheguei lá e estava a tripulação em amena cavaqueira.
“Não se preocupe, isto hoje em dia é o computador que faz tudo.”
Mas o meu problema com as alturas já vem de longe. Por causa do trauma perdi uma quase namorada numa viagem romântica que fiz ao Jardim Zoológico quando subi feito parvo ao teleférico. Quer dizer, eu não queria, mas o preço já vinha incluído no bilhete e sempre foram 10 euros. Vi as cobras, vi os golfinhos e parecia mal não andar naquilo. Além disso, a situação com a Patrícia já estava bem encaminhada, era o terceiro encontro e o teleférico era o sítio ideal para a beijar.
“Quem me dera poder acordar abraçado ao teu sorriso lindo que se desvenda dos teus lábios como um cortinado numa ópera.”
E ela ria, envergonhada, sem resistir às palavras que lhe dizia. Eu lá me aproximei e espetei-lhe com o beijo. No ardor da paixão começamos a mexer-nos mais do que devíamos e o teleférico começou a abanar como um sino de Igreja nas manhãs de Domingo.
“Ai, ai tirem-me daqui! Socorro que esta coisa vai cair! Ai meu Deus! Alguém nos acuda, ai, ai! Parem esta merda!”
E lá pararam de propósito a geringonça. Olharam-me com cara de poucos amigos, deram-me água com açúcar e quando recuperei ainda tentei recuperar o que perdera:
“Patrícia anda cá. Eu posso explicar. É uma coisa que vem de infância, não sei explicar muito bem, mas é assim. Tenho medo das alturas, mas gosto de ti. Gosto de ti...Patrícia...Patrícia...Gosto de ti, aonde vais?”
Nem olhou para trás.
Só tenho de agradecer à minha querida e adorada chefe a benesse que me deu, concedendo-me, sem ninguém o esperar, 4 dias de licença remunerada pelo meus serviços:
“Isto é uma coisa que não é habitual eu fazer, mas devido ao magistral e competente desempenho laboral do vosso colega Hugo, vou-lhe dar mais 4 dias de férias. Vocês todos ponham os olhos nele e esforcem-se por lhe seguir o exemplo. Se conseguirem ter o mesmo comportamento e o mesmo compromisso para com esta instituição, poderão ser vocês os próximos a serem contemplados. Pensem nisso. Agora voltem ao trabalho.”
Nestas coisas o mais difícil é a viagem de avião. Para quem não me conhece, aviso desde já que tudo o que engloba estar 5 metros acima do solo me faz disparar o coração e, se a minha namorada continuar com esta mania de fazer uma viagem por ano, temo não chegar aos 40 e morrer qualquer dia nos céus de ataque cardíaco.
“O senhor tem de se acalmar. É seguro viajar de avião, não fique assim nesse estado. Quer ir à cabina do comandante ver como é que as coisas funcionam?”
Acabei por ir, até porque pensava que seria mais fácil acalmar-me. Mas foi pior, cheguei lá e estava a tripulação em amena cavaqueira.
“Não se preocupe, isto hoje em dia é o computador que faz tudo.”
Mas o meu problema com as alturas já vem de longe. Por causa do trauma perdi uma quase namorada numa viagem romântica que fiz ao Jardim Zoológico quando subi feito parvo ao teleférico. Quer dizer, eu não queria, mas o preço já vinha incluído no bilhete e sempre foram 10 euros. Vi as cobras, vi os golfinhos e parecia mal não andar naquilo. Além disso, a situação com a Patrícia já estava bem encaminhada, era o terceiro encontro e o teleférico era o sítio ideal para a beijar.
“Quem me dera poder acordar abraçado ao teu sorriso lindo que se desvenda dos teus lábios como um cortinado numa ópera.”
E ela ria, envergonhada, sem resistir às palavras que lhe dizia. Eu lá me aproximei e espetei-lhe com o beijo. No ardor da paixão começamos a mexer-nos mais do que devíamos e o teleférico começou a abanar como um sino de Igreja nas manhãs de Domingo.
“Ai, ai tirem-me daqui! Socorro que esta coisa vai cair! Ai meu Deus! Alguém nos acuda, ai, ai! Parem esta merda!”
E lá pararam de propósito a geringonça. Olharam-me com cara de poucos amigos, deram-me água com açúcar e quando recuperei ainda tentei recuperar o que perdera:
“Patrícia anda cá. Eu posso explicar. É uma coisa que vem de infância, não sei explicar muito bem, mas é assim. Tenho medo das alturas, mas gosto de ti. Gosto de ti...Patrícia...Patrícia...Gosto de ti, aonde vais?”
Nem olhou para trás.
2 Comments:
Vou-te dar uma 2ª hipótese.
Patrícia
Agora já vens tarde.
Nem sabes o quanto te amaldiçoei enquanto regrassava a casa.
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