segunda-feira, dezembro 20, 2004

João e os 40 ladrões

Atenta às movimentações obscuras dum incógnito ladrão de iogurtes, João não se deixa vencer pela escassez de provas que infelizmente tem, até agora, marcado o caso.
Um aviso, algo ríspido, já foi deixado na porta do frigorifico donde o material lácteo foi imoralmente furtado e, espera-se que, até ao final de semana, se consiga utilizar uma câmara de vídeo para que se possa apanhar, finalmente, o criminoso em flagrante delito.
João não se tem poupado a esforços para conseguir os seus justos intentos. A ideia da utilização duma câmara de filmar foi-lhe indicada pela polícia que, após ouvir com atenção o relato dos acontecimentos, se mostrou disponível em ajudar em tudo o que seja preciso, muito embora não tenham efectivos suficientes para colocar no caso, devido a dois factores primordiais, as férias de alguns paisanas e também a investigação dum estranho negócio de Sifões de Sanita que tem levado alguns portugueses à fortuna num curto espaço de tempo.
João já telefonou para várias estações de televisão para que seja mostrada ao país, a desgraça vivida por todos aqueles que dependem dum iogurte para manterem o intestino regulado. O mais irónico no entanto, e o que fez explodir de raiva Maria João, foi a comilança alarve que foi feita a uma torta de chocolate deixada na prateleira e que tivera sido oferecida por uma amiga próxima, numa viagem que esta fez à Suiça.
Para Vanda Varatojo, introduzida à pressa no caso devido ao seu sonante apelido, o caso parece mais simples do que parece, dando mesmo ao Desordem um retrato psicológico do Ladrão: “Estamos perante um criminoso que sabe o que quer. Repare que até ao momento foram furtados iogurtes de marca e também uma torta de chocolate suiço. Parece-me que o homem/mulher sabe ao que vai. Aparentemente os produtos de marca Dia mantêm-se intactos. Como nenhum dos iogurtes era diet, julgo que a pessoa em questão não tem problemas com a linha.”
Seja como for e enquanto a câmara de vídeo não for montada nas instalações respectivas, a vigilância está a ser feita pela própria Maria João que “ocasionalmente” vai passando pela cozinha. Avisa-se então o ladrão para ter cuidadinho e que espere melhores dias. Segundo Varatojo: “Este tipo de delitos é frequente em locais de muita concentração de pessoas. Muitas vezes são pessoas que se esquecem dos iogurtes que têm e tiram um ao calhas, mas neste caso em particular, estamos a lidar com um profissional porque não deita fora as embalagens dos produtos. Estou esperançada em conseguir mais informações em breve, até porque estas pessoas são levadas a cometer o crime duma forma constante e cada vez menos pormenorizada.”
Uma única pista terá surgido esta manhã, quando Ana Rita deu com uma faca com vestígios de chocolate perto da sua impressora. O talher em questão já foi levado para o laboratório da Polícia Judiciária, esperando-se a qualquer momento o resultado das análises feitas, tanto à proveniência do vestígio do chocolate, como também às possíveis impressões digitais deixadas no metal.
Para João tudo parece, no entanto, mais fácil do que o esperado: "Se o apanho, vai ouvir tantas que nunca mais cá põe os pés."