sexta-feira, janeiro 21, 2005

Confrontos no Areeiro

Uma alta cena de pancadaria teve ontem lugar na estação de comboios do Areeiro, quando dois distribuidores dos dois jornais com maior tiragem do país, se envolveram em confrontos físicos e verbais.
João Anacleto, distribuidor da publicação Metro, fez referência à má fé do seu concorrente e acusou-o de lhe estar a estragar o negócio: “Todos os dias é a mesma coisa. Pensa que isto aqui é dele e não me deixa trabalhar. Agora as pessoas sentem dificuldade em arranjar o meu jornal por causa daquele canalha. Canalha!”
Já José da Silva tem opinião contrária: “É bom que isto fique esclarecido, eu estou aqui há muito mais tempo que ele. As pessoas já me conhecem e gostam do Destak desde sempre. Agora veio para aqui este gajo, que anda a impingir gato por lebre. Não admito que os meus clientes sejam enganados por um jornal que é uma vergonha.”
Ao barulho entrou Yassel Shain, gerente da tabacaria da estação que se queixa da falta de civismo de quem faz estes jornais. “Eles dão isto de graça e o que acontece é que já ninguém vem ao meu estabelecimento comprar jornais. Não sei o que vai ser de mim. Estou em dificuldades financeiras e tenho 4 filhos em casa. Agora explique-me como eu vou sobreviver? As receitas baixaram muito e nem para a renda da casa dão. Agora querem proibir também o consumo do tabaco, veja lá bem. Isto está tudo perdido, tudo perdido.”
Para Joaquim das Neves o problema é outro: “Isto não tem nada a ver com os jornais. Isto é sempre a mesma coisa. Cada vez que aquelas meninas passam aqui anda aí tudo maluco para lhes entregar os jornais. Até se esganam para atraírem as atenções delas.” Ao que o Desordem pôde apurar, as pessoas em referência são Sandra Barroso e Fernanda Cruz que conseguem colocar, com a sua singela beleza, o entroncado meio social da estação em polvorosa. “É todos os dias a mesma coisa, andam aí todos malucos e quase que as obrigam a escolher os jornais deles. Só vai haver descanso na altura das férias das ditas senhoras. Desde que o túnel do Rossio foi fechado que a pouca vergonha não acaba.”
Joana das Dores é que não esteve com meias medidas e, com o seu singular à vontade lá adiantou: “Queria aqui anunciar se faz favor, que isto aqui...isto aqui, é uma cambada de ladrões, de gatunos e de chupistas.”
O Desordem tentou ouvir as visadas mas não conseguiu.