segunda-feira, janeiro 24, 2005

Coisa de Geeks

O Monte do Estoril abriu as portas a mais uma reconstituição histórica. Desta feita coube a vez à tão badalada guerra dos 30 anos, uma guerra que marcou uma disputa religiosa entre Luteranos e Católicos ao mesmo tempo que os grandes senhores se opunham à tentativa absolutista do Imperador. Estas disputas foram seguidas sob o olhar atento das “nações” circundantes que espreitavam uma oportunidade para meter o bedelho e tirar partido da guerra civil em que o império mergulhara. Foi uma ruptura que marcou de forma decisiva e definitiva a decadência do império e que dividiu profundamente a sociedade germânica, além de a matar de fome.
O mapa do Sacro-Império fez pois a cobiça militar dos generais que participaram nesta brincadeira de Geeks. Assim, eu fiquei com o rei protestante da Suécia Gustav II Adolf, o David, esperto, ficou com o grande e perverso Albrecht Wenzel Eusebius von Wallenstein general do imperador, Shain ficou também com um general católico, Johann Tserclaes Graf von Tilly, que derrotou as forças protestantes da Boemia, a Alexandra fez muito bem o papel do General da Cavalaria imperial Gottfried Heinrich Graf zu Pappenheim, e o Pedro restou-lhe o mercenário protestante Peter Ernst Graf zu Mansfeld.
A vitória acabou por sorrir a David que aproveitou muito bem uma divisão de terras favorável, permitindo-lhe estar em paz a maior parte do tempo, conseguindo fortalecer economicamente e militarmente as províncias sob seu domínio.
Alexandra seguiu-lhe o exemplo e no segundo ano, marcado por uma paz religiosa, fez notar a todos que tem de haver respeitinho, caso contrário as suas tropas levam tudo a eito. Que o diga Pedro que se viu arredado duma posição confortável devido à sede de sangue de Alexandra, se bem que a especialidade de Alexandra fosse mais tiro ao alvo, tal o esforço dela em acertar nas suas tropas estacionadas dentro da torre.
Eu tive mais dificuldades em me impor devido essencialmente a uma revolta levada a bom porto por aqueles desgraçados dos camponeses que não gostaram de ser explorados em demasia. Perdi um território e a partir dali foi derrota atrás de derrota, sendo que no Outono do segundo ano toda a gente se tivesse lembrado de malhar nos meus territórios, cheios de palácios e igrejas, especialmente esse desgraçado com nome de Pedro.
Shain, por seu turno, sonhava que um exército de tropas Persas irrompe-se pela Austria e desse cabo de tudo e de todos, mas tal, obviamente, não se verificou.
O Pedro, bem desinspirado, levou porrada daqui e dali e acabou por não fazer grande coisa.
A classificação ficou assim ordenada, David 51 pontos, Alexandra 42 pontos, Hugo 41 pontos, Pedro 39 e Shain um pouco menos.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Confrontos no Areeiro

Uma alta cena de pancadaria teve ontem lugar na estação de comboios do Areeiro, quando dois distribuidores dos dois jornais com maior tiragem do país, se envolveram em confrontos físicos e verbais.
João Anacleto, distribuidor da publicação Metro, fez referência à má fé do seu concorrente e acusou-o de lhe estar a estragar o negócio: “Todos os dias é a mesma coisa. Pensa que isto aqui é dele e não me deixa trabalhar. Agora as pessoas sentem dificuldade em arranjar o meu jornal por causa daquele canalha. Canalha!”
Já José da Silva tem opinião contrária: “É bom que isto fique esclarecido, eu estou aqui há muito mais tempo que ele. As pessoas já me conhecem e gostam do Destak desde sempre. Agora veio para aqui este gajo, que anda a impingir gato por lebre. Não admito que os meus clientes sejam enganados por um jornal que é uma vergonha.”
Ao barulho entrou Yassel Shain, gerente da tabacaria da estação que se queixa da falta de civismo de quem faz estes jornais. “Eles dão isto de graça e o que acontece é que já ninguém vem ao meu estabelecimento comprar jornais. Não sei o que vai ser de mim. Estou em dificuldades financeiras e tenho 4 filhos em casa. Agora explique-me como eu vou sobreviver? As receitas baixaram muito e nem para a renda da casa dão. Agora querem proibir também o consumo do tabaco, veja lá bem. Isto está tudo perdido, tudo perdido.”
Para Joaquim das Neves o problema é outro: “Isto não tem nada a ver com os jornais. Isto é sempre a mesma coisa. Cada vez que aquelas meninas passam aqui anda aí tudo maluco para lhes entregar os jornais. Até se esganam para atraírem as atenções delas.” Ao que o Desordem pôde apurar, as pessoas em referência são Sandra Barroso e Fernanda Cruz que conseguem colocar, com a sua singela beleza, o entroncado meio social da estação em polvorosa. “É todos os dias a mesma coisa, andam aí todos malucos e quase que as obrigam a escolher os jornais deles. Só vai haver descanso na altura das férias das ditas senhoras. Desde que o túnel do Rossio foi fechado que a pouca vergonha não acaba.”
Joana das Dores é que não esteve com meias medidas e, com o seu singular à vontade lá adiantou: “Queria aqui anunciar se faz favor, que isto aqui...isto aqui, é uma cambada de ladrões, de gatunos e de chupistas.”
O Desordem tentou ouvir as visadas mas não conseguiu.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Afonso mostra o seu ferrão

Foi com uma alegria descontrolada por parte dos familiares e amigos que Afonso Maia mostrou, a quem o quisesse ver, o seu pequeno ferrão.
Várias foram as mensagens de júbilo que a família recebeu, não faltando bom mel à mesa e também algumas histórias de infância que visavam o seu pai Pedro Maia, sendo, a mais badalada, a que envolveu o próprio, duas imperiais de mau sabor, a sempre desprezível companhia do Feliciano e uma ida de contornos duvidosos à Ericeira onde travaram conhecimento com alguns pescadores locais.
O recém nascido estava animado e não mostrou por nenhuma vez má disposição, o que favoreceu a festa e visualização do ainda minúsculo apetrecho de defesa.
Para o médico que esteve a assistir, a criança possui um ferrão ainda superior ao pai e presume-se que ainda mais mortífero.
Pedro Maia mostrou-se radiante com o facto da sua descendência não ter degenerado. Aos microfones do Blogue foi dizendo: “Olhe que se há coisa que me orgulho é do meu ferrão. Nunca me deu problemas, antes pelo contrário, foi sempre a jóia da coroa. Mas já se sabe como é, já não é a mesma coisa. Agora dizer que aquela coisita é ainda superior ao do pai…convínhamos não é…”
Susana também estava feliz. “Felizmente tudo está bem. Ainda julguei que podia nascer torto, mas não, mostra-se imperial.”
A festa continuou horas adentro numa noite fria. Quando interrogado pelos famosos posters do Alain Prost, a alegria pareceu desvanecer da face de Pedro Maia. “Não sei nada disso. Nunca ouvi falar disso.”
Seja como for ficam aqui as nossas felicidades à vida dum verdadeiro Zangão.

Para os porcos e odiosos que estiveram a pensar noutras coisas durante a leitura desta pequena notícia, fica aqui o esclarecimento:
A palavra ferrão significa, neste contexto particular, literalmente um ferrão. Estamos a falar de abelhas, daquelas das colmeias, que se regem por códigos de conduta muito próprios.
Por isso não pensem que o Desordem apanhou o comboio da pimbalhada.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Mais um português nas bocas do mundo

Apesar dos sérios problemas de Portugal em se afirmar no mundo, a verdade é que cada vez mais são os portugueses que se vão notabilizando no livro Guiness dos recordes mundiais. Este ano foram 2 os portugueses que estiveram em luta pelo primeiro lugar numa das categorias mais respeitadas do livro, o tão esperado título do mais ávido leitor do mundo.
A batalha titânica pela honra de constar nas páginas do Guiness deu-se, até há última hora, entre Susana Rebelo e Marcelo Rebelo de Sousa. Apesar do concurso ter findado no dia 31,os juizes destacados para a contagem final das obras lidas, ficaram 17 dias afastados da realidade e sem contactar a família para não receberem qualquer influência externa. Um dos juizes, contactado pelo Desordem após o seu trabalho estar acabado, lá foi avisando: ”Nem pense que eu para o ano cá estou. 17 dias a contar livros. Nunca mais me apanham aqui, prefiro medir unhas aos indianos. Aquilo eram montanhas de papel. Há gente que se vê logo que não tem mais nada para fazer.”
Quem não se abalou foi Susana Rebelo que disse que não cabia em si de contente e que tinha de agradecer a toda a gente que conhece. “Foram todos maravilhosos e apoiaram-me sempre, dando-me livros no Natal, nos anos, no Carnaval, na Páscoa e em todas as ocasiões. Acho que nunca recebi outra prenda na vida que não fosse um livro. Seja como for, tenho consciência que só ganhei porque o meu concorrente foi barbaramente afastado da função que exercia.”
Susana refere mesmo que o seu maior problema é o dinheiro que gasta para sustentar o vício: “Olhe que já merecia um subsídio. O estado devia-me dar qualquer coisita.”
Marcelo Rebelo de Sousa é que não está em si de desgostoso. “Este ano foi uma porcaria. Primeiro a situação da TVI e agora isto. Mas quem é esta Susana?”
Entre as obras lidas por Susana contam-se as escritas pelos maiores autores do mundo, desde os russos até aos norte-americanos. Para esta jovem leitora, o maior problema vem no Verão, altura em que as editoras fazem a tradicional pausa nas publicações. É nessa estação que se vai debruçando nos livros de Cláudio Ramos ou Margarida Rebelo Pinto enquanto apanha algum sol na praia. “O que é que quer que eu faça? O ano passado ia-me suicidando depois de ler o livro do Carlos Castro, mas é assim a vida, temos de ser fortes para ultrapassar certas adversidades.”
Ao mesmo tempo, cientistas italianos iniciaram uma série de experiências que tentam provar a ligação de ter Rebelo no nome e ler mais de 10 livros por semana.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Não engulas isso Maria que te faz mal

Yvonne Bello, acompanhada pelo seu marido e uma amiga, Joana Leotte, compareceu ontem nos cinemas UCI do Corte Inglês, para assistir, a convite da New Age, ao mais recente filme da distribuidora, Maria Cheia de Graça, ou no original, Mary Full of Grace. Esta obra do realizador Joshua Marston venceu vários prémio internacionais, sendo o mais sonante o prémio do público do Festival de Sundance que contempla os melhores filmes independentes distribuídos nos Estados Unidos. O filme conta a história de Maria, de dezassete anos, que vive numa pequena aldeia na Colômbia onde o seu trabalho é tirar os espinhos das rosas para sustentar a mãe, a avó, a irmã e o sobrinho pequeno. O namorado, Juan, tem poucas aspirações na vida, mas Maria deseja mais do que se afundar numa pobre aldeia, a fazer todos os dias a mesma coisa. Quando descobre que está grávida resolve mudar tudo. Despede-se do trabalho, por incompatibilidades com o patrão e, quase por coincidência, conhece Franklin, que lhe oferece ajuda para encontrar um emprego em Bogotá. Maria torna-se então, juntamente com uma amiga, correio de droga entre os Estados Unidos e a Colômbia. A rapariga vai contar com a ajuda de Lucy, uma jovem também ela correio, que lhe ensina os cuidados a ter. Mas nem tudo corre como previsto e Maria terá de se saber desenvencilhar numa cidade desconhecida, sem poder contar a sua verdadeira história a ninguém. Na realidade, aquilo que seria uma viagem para conseguir dinheiro, acabará por transformar profundamente a sua vida.
Antes da projecção do filme, Yvonne passeou-se espampanante por entre os presentes e distribuiu beijos e abraços a quem os quisesse. O Desordem, como não podia deixar de ser, esteve presente, representado pelo seu editor (eu próprio), mas ao contrário do que se pretendia, não atraiu a atenção de ninguém, a não ser de Joana Leotte que se mostrou muito simpática em recordar, com grande alegria, os melhores momentos deste blogue.
Ao Desordem Yvonne, após o filme disse: “Gostei muito do filme e todos nós temos que ser alertados para a situação que ele mostra. A boa vontade do mundo em ajudar essas pessoas pode ser fulcral para melhorar o nível de vida dessa gente. O mundo tem de se consciencializar que pode ajudar os países mais necessitados sem que para isso seja necessário um desastre como o da Ásia. Já reparou o que se podia fazer aos países mais pobres se se fizesse o mesmo tipo de doações que estão a ser feitas agora, para infra estruturas? O problema é que se não há morte, as pessoas não se sentem obrigadas a ajudar. É uma hipocrisia. Os países mais desenvolvidos têm culpa nisso e deviam ser eles a dar o exemplo e incentivar campanhas deste tipo.”
O sucesso da Socialite foi tanto que os espectadores, em vez de comentarem a obra de Joshua Marston, se entreteram vivamente a tecer rasgados elogios à roupa e simpatia da Deusa da linha.


segunda-feira, janeiro 10, 2005

Emplastro substitui Cavaco em Cartaz do PSD

Cavaco Silva, após contemplar o mau gosto do último cartaz do PSD, ordenou veementemente que a sua figura fosse retirada do mesmo. O cartaz, lembre-se, tinha como tema, a evolução natural do partido nos últimos anos, desde o saudoso Sá Carneiro até ao inarrável Pedro Santana Lopes. Como disse e muito bem um comentador da nossa praça, o cartaz simboliza o mesmo que os tradicionais gráficos escolares que mostram a Evolução do Homem desde o Australopithecus até ao Homo Sapiens Sapiens. Neste caso, o Australopithecus seria o Sá Carneiro e o supra sumo da evolução, o próprio ex-Primeiro Ministro. No entanto, para o português comum, o cartaz mostra antes a decadência do Homem político, desde a criação do mito até a excelência da imbecilidade.
Se o Darwin visse isto desatava-se a rir e com razão.
Ora a saída repentina de Cavaco Silva do outdoor veio a desestabilizar toda a campanha que assentava no passado do partido, fazendo lembrar aos portugueses que eventualmente tenham dúvidas quanto àquilo que o país foi e é, que podem mesmo agradecer tudo o que têm ao carisma dos ex. líderes do partido.
Aparentemente sem saída, Pedro Santana Lopes endereçou sem demoras um convite formal a Emplastro para que este substitua o carismático Cavaco Silva no tão afamado cartaz. Para Pôncio Monteiro, arredado brutalmente das listas do Porto: “Isto até foi bom para o partido, só tenho pena é que o Emplastro não substitua o próprio Santana.” Mas a mesma opinião não tem Luís Filipe Menezes: “Olhe, isto é horrível, é inadmissível a posição de Cavaco Silva, após tantos anos...”
Paulo Portas nada disse ainda à comunicação social, empenhado que está em fazer crer à população que é o único ministro que trabalha, comportando-se durante este curto espaço de tempo que nos separa das eleições, como um verdadeiro Primeiro Ministro.
Afinal sempre conseguiu.
Para Emplastro, a honra é grande e o facto de já ser conhecido na rua é sinal que a sua carreira está de vento em poupa.
Aqui no Desordem, estamos todos ansiosos pela campanha eleitoral.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Roupagem nova

Entramos num ano novo e como já tinha noticiado, o Desordem começou a sofrer algumas alterações. O objectivo é trabalhar no sentido de aumentar as audiências que, apesar de se terem mantido a um nível razoável, são sempre escassas para os justos objectivos de todos aqueles que aqui trabalham.
Se não forem excessivamente cegatas, certamente já deram conta do novo grafismo do blog. Esperemos que seja mais apelativo ao olhar e que vos seduza a todos da mesma forma que o Alberto João Jardim seduz os madeirenses.
Vamos contar com algumas outras novidades que vão sendo anunciadas aos poucos para que a consulta deste canto seja sempre uma surpresa. Seja como for posso já adiantar que iremos contar coma presença assídua de dois distintos colunistas que vão assinar uma crónica semanal e outra mensal. Não esperem grande coisa, mas se tudo correr bem e a nossa quota subir, para o ano despeço-os e contrato outros. São assim as leis do mundo empresarial.

Agora mais a sério, e deixando de lado as palhaçadas, apelo a todos os visitantes deste espaço para contribuírem com o que poderem, afim de ajudar as vítimas do desastre que ocorreu no continente Asiático. Ficaria feliz que todos participassem e não se esquecessem que o auxílio não é só preciso agora, mas também num futuro próximo. As populações afectadas, vão ter carências durante meses e meses. Estas situações são daquelas que três minutos de silêncio não servem para nada e que é preciso bem mais do que isso. Se todos fizerem esse esforço, já valeria a pena ter começado este blog. Tenho a confiança que os leitores do Desordem não são assim tão insensíveis. Certifiquem-se apenas que os donativos que eventualmente derem vão para organizações idóneas.
Obrigado.